sábado, 6 de setembro de 2014

O Presidente da República, José Mário Vaz, explicou aos oficiais militares as razões da sua decisão em libertar vários detidos militares


O Presidente da República, José Mário Vaz, explicou aos oficiais militares as razões da sua decisão em libertar vários detidos militares. O encontro decorreu, esta terça-feira, no Palácio presidencial em Bissau com oficiais superiores das forças armadas oriundos de diferentes unidades do país. Segundo as fontes contactadas pelo jornal Odemocrata, no encontro em que participaram 67 altos graduados do exército guineense, José Mário Vaz explicou detalhadamente as razões da sua pretensão em fazer libertar os detidos do caso 21 de Outubro de 2012.

Nessa data, em plena transição política que resultou do golpe de Estado militar de 12 de Abril, um grupo armado liderado pelo capitão Pansau N’tchama terá tentado assaltar o batalhão dos Para Comandos na Base Aérea. Hoje, o novo chefe de Estado entende que o país precisa de avançar com base no espírito de perdão. Perante os presentes, José Mário Vaz disse que apesar de a Constituição da República lhe conferir os poderes de libertar os presos, quer um consenso alargado no seio dos militares na matéria antes dele avançar. Nesse propósito, assegurou aos homens de fardas que a sua decisão visa promover a reconciliação entre os militares assim como no seio da família guineense.

Segundo as fontes do Jornal O Democrata, o encontro decorreu num clima de total cordialidade. O Presidente José Mário Vaz, salientam os informadores, confessou ter ficado surpreendido com a atitude e as intervenções responsáveis dos militares na reunião. “O que eu ouvi aqui hoje contraria as informações que tinha. Fui avisado por algumas pessoas que eu correria o risco de ser preso nesta reunião por militares. Alguns desses militares falaram aqui e muito bem. Isto é a prova que não devemos dar ouvido a certas informações que só visam dividir e caluniar”, afirmou José Mário Vaz.

No capítulo da libertação dos detidos, o chefe de Estado pediu às chefias militares à reinserção dos mesmos nos seus respectivos postos. Na mesma linha, pediu igualmente a reintegração dos oficiais militares afastados das fileiras das forças armadas na sequência da alegada tentativa de alteração da ordem constitucional a 26 de Dezembro de 2011.

Nas suas intervenções, as chefias agradeceram o gesto do chefe de Estado e garantiram respeitar a decisão de libertar todos detidos julgados e condenados pelo Tribunal Militar com a exceção do autor do assassinato de um cidadão chinês em 2013 na região de Bafatá.

Ainda, adiantam as nossas fontes, a clemência presidencial não albergará o autor de roubo em 2013 de munições de armas. Outro assunto abordado no encontro tem a ver com as condições de vida nas casernas que o Presidente José Mário Vaz descreveu como péssimas e disse ter já na sua posse informações precisas sobre as mesmas. Prometeu trabalhar em prol da dignidade dos militares guineenses. Ao Presidente da República, as chefias militares solicitaram bolsas para tratamento médico no estrangeiro. Outros assuntos sensíveis de caráter militar, que as nossas fontes não quiseram revelar, também foram abordados com o Presidente. Sobre a quota étnica que o José Mário Vaz institiu no Batalhão da Presidêncial, as fontes dissera que este assunto não foi discutido no encontro de ontem.

A questão da reforma no setor da defesa também não ficou de fora. O Presidente da República afirmou que a reforma nunca será imposta aos militares mas sim em estreita concertação com eles, pondo de lado a desconfiança. No final do encontro, José Mário Vaz ofereceu um almoço aos militares. Uma fonte militar contou a’O Democrata que o chefe de Estado, visivelmente satisfeito, brincou durante todo o almoço com os oficiais. Finalmente, louvou a participação das forças armadas no primeiro dia de campanha de limpeza de prevenção contra Cólera e Ebola decretada pelo governo.

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