terça-feira, 16 de junho de 2015

Governo da Guiné-Bissau reflecte sobre a confiança com a sociedade

Todo o elenco governamental e os conselheiros do Primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira estiveram hoje reunidos, durante todo o dia no Salão Nobre Victor Saúde Maria, para uma reflexão conjunta sobre as relações de confiança na sociedade guineense.

O ato foi conduzido por um especialista do diálogo, da construção da confiança entre os cidadãos de uma determinada sociedade e Presidente do Instituto da Confiança, Piere Winicki, que já ajudou à construir a confiança em vários países, particularmente em França, entre o Governo e a Presidências de República, os partidos políticos e as organizações.

O Chefe do Governo que também tomou parte no exercício, no discurso de abertura, enfatizou que a prestação de uma sociedade é a confiança, em que os cidadãos são capazes de partilhar visões; que o Programa do Governo consubstancia essa preocupação; nos vários contactos entabuados com as instituições internacionais, nomeadamente com o sistema das Nações das Unidas,  sempre mencionará a necessidade da construção da confiança na Guiné-Bissau, que permita a sociedade guineense se reencontrar, identificar elementos de intercepção que possam sustentar  a estabilidade interna e edificar uma sociedade mais equilibrada.

Nesse quadro, o Governo solicitou o apoio do Banco Mundial para enviar um consultor que pudesse trabalhar com as instituições nacionais da soberania: Presidência, Assembleia Nacional Popular e o Governo, bem como a sociedade civil e organizações na construção da confiança na Guiné-Bissau.

O método usado pelo Piere para demonstrar como uma sociedade pode construir a confiança entre os seus cidadãos é através da explicação de uma árvore, que ele chama, árvore da confiança. Nessa árvore estão consignados vários pontos: a relação entre as instituições de soberania, justiça, forças militares, a média, o poder tradicional, as crenças culturais, a herança, o medo, a coerência da palavra e o ato, a corrupção, a cooperação e a solidariedade; a gestão de uma crise, etc.

Depois da explicação pedagógica de Winicki, sobre o exercício da construção da árvore da confiança, foram constituídos sete grupos de trabalho, que com base em questões colocadas, os participantes subsidiaram a intervenção do consultor, enriquecendo-a com inúmeras propostas sobre a análise da sociedade guineense, já evocadas em epígrafe.

O exercício permitiu compreender melhor a programática dos factores e da necessidade premente da construção da árvore da confiança entre nós. Foi deveras interessante, constatar que nas questões levantadas nos quadros pelos sete grupos, muitos dos pontos eram comuns, como por ex: a Impunidade. O que significa que há uma consciência dos problemas à volta da falta da confiança, que muitas vezes constitui um entrave ao desenvolvimento, que é necessário travar, para que se crie uma nova visão positiva a favor da confiança governativa, subconsequentemente da estabilidade interna.

É intensão deste importante exercício positivo da edificação da confiança se alargar-se a outras instituições públicas e privadas da nossa sociedade.


//Gabinete do primeiro-ministro

1 comentário :

  1. Não cortar a árvore pela raiz
    O Gabinete do Primeiro-Ministro, de forma um tanto ou quanto obtusa e narcisista, propõe um exercício de confiança à sociedade, sugerindo a imagem de uma árvore. A raiz dessa árvore, segundo o método exposto, seria a confiança entre as instituições de soberania; o tronco a confiança na Justiça e Segurança (polícia e forças armadas); os galhos seriam os meios de comunicação social, o poder tradicional e as crenças culturais, que alimentariam a confiança das folhas, neste caso, os cidadãos e as cidadãs.

    A imagem parece aliciante, no entanto, não se percebe muito bem o estilo paternalista e autista do discurso. Qual a intenção do Senhor Primeiro-Ministro com esta iniciativa de «governança»? Se fizermos uma abordagem botton-up (a árvore cresce de baixo para cima, portanto corresponde àquilo que entendemos por top-down), poderemos perceber facilmente que aquilo que encrava, neste momento, na Guiné-Bissau, é a «confiança entre as instutuições de soberania», sem a qual a árvore não pode «funcionar».

    Ora essa parte é da responsabilidade solidária do Senhor Primeiro, juntamente com os Presidentes da República e da Assembleia. Pretenderá o senhor Primeiro-Ministro maquilhar a realidade, que está aos olhos de toda a gente? Esconder que perdeu completamente a autoridade e não tem vocação para governar? Como pode alguém confiar num Estado que expropria madeira e areia, sem qualquer enquadramento legal, deixando apodrecer a situação, envolvendo países estrangeiros?

    Ou cujas providências cautelares não são cumpridas? Onde, apesar de ameaças de auditorias, nada foi feito para apurar as contas que eram legitimamente exigidas numa Câmara de Comércio, permitindo uma tomada de posse ilegítima? Como falar depois levianamente de impunidade, se é o próprio a incentivá-la? Reunir um Conselho de Ministros com um Secretário de Estado em prisão preventiva? Com outro Secretário de Estado que «negoceia» com mafiosos, candidatos a «Companhias Aéreas» de bandeira?

    Vossa Excelência deveria mudar de espelho, pois aquele que tem usado está decerto viciado, revelando a sua incomparável beleza mas ocultando lamentavelmente as suas imperfeições. Do «triunvirato» que as eleições legaram ao país, o maior responsável nominal é Vossa Excelência, que escolheu (erradamente) o cargo e os candidatos aos dois outros. Considerando-se o melhor (a falta de humildade talvez não lhe permita reconhecer-se como «o menos mau»), deverá fazer o esforço de aguentar.

    Ou seja, não permitir que, depois de fazerem o seu enterro, o PAIGC volte às disputas intestinas e sem futuro. Não será decerto fingindo que nada se passa que atingirá esse objectivo. Para colocar um fim a este status quo da indecisão e da incerteza, que em muito está a prejudicar o país, é necessário que retome as rédeas do Partido, do Governo e do Estado. Quanto à legitimidade dos dois outros órgãos de soberania, neste contexto, é pura e simplesmente nula, em caso de queda de Vossa Excelência.

    Um pouco de consistência, por favor.

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